Texto I:
A violência é hoje uma das principais preocupações da sociedade. Ela atinge a vida e a integridade física das pessoas . É um produto de modelos de desenvolvimento que tem suas raízes na história .
A definição de violência se faz necessária para uma maior compreensão da violência escolar. É uma transgressão da ordem e das regras da vida em sociedade. É o atentado direto, físico contra a pessoa cuja vida, saúde e integridade física ou liberdade individual correm perigo a partir da ação de outros. Neste sentido Aida Monteiro se expressa " entendemos a violência, enquanto ausência e desrespeito aos direitos do outro"[1]. No estudo realizado pela autora em uma escola, buscou-se perceber a concepção de violência dada pelo corpo docente e discente da instituição.
Para o corpo discente " violência representa agressão física, simbolizada pelo estupro, brigas em família e também a falta de respeito entre as pessoas ". Enquanto que para o corpo docente " a violência, enquanto descumprimento das leis e da falta de condições materiais da população, associando a violência à miséria, à exclusão social e ao desrespeito ao cidadão" .
É importante refletirmos a diferença entre agressividade, crime e violência.
A agressividade é o comportamento adaptativo intenso, ou seja , o indivíduo que é vítima de violência constante têm dificuldade de se relacionar com o próximo e de estabelecer limites porque estes às vezes não foram construídos no âmbito familiar. O sujeito agressivo tem atitudes agressivas para se defender e não é tido como violento. Ele possui "os padrões de educação contrários às normas de convivência e respeito para com o outro ." ABRAMOVAY ; RUA ( 2002) A construção da paz vem se apresentando em diversas áreas e mostra que o impulso agressivo é tão inerente à natureza humana quanto o impulso amoroso; portanto é necessária a canalização daquele para fins construtivos, ou seja, a indignação é aceita porém deve ser utilizada de uma maneira produtiva.
O crime é uma tipificação social e portanto definido socialmente é uma rotulação atribuída a alguém que fez o que reprovamos. " Não reprovamos o ato porque é criminoso. É criminoso porque o reprovamos"(Émile Durkheim).
Violência pode ser também “uma reação conseqüente a um sentimento de ameaça ou de falência da capacidade psíquica em suportar o conjunto de pressões internas e externas a que está submetida” LEVISKY (1995) apud DIAS;ZENAIDE(2003)
Tipos de violência
A violência que as crianças e os adolescentes exercem , é antes de tudo, a que seu meio exerce sobre eles COLOMBIER et al.(1989). A criança reflete na escola as frustrações do seu dia-a- dia.
É neste contexto que destacamos os tipos de violência praticados dentro da escola .
Violência contra o patrimônio - é a violência praticada contra a parte física da escola. " É contra a própria construção que se voltam os pré-adolescentes e os adolescentes , obrigados que são a passar neste local oito ou nove horas por dia." COLOMBIER et al.(1989)
Violência doméstica - é a violência praticada por familiares ou pessoas ligadas diretamente ao convívio diário do adolescente.
Violência simbólica - É a violência que a escola exerce sobre o aluno quando o anula da capacidade de pensar e o torna um ser capaz somente de reproduzir. " A violência simbólica é a mais difícil de ser percebida ... porque é exercida pela sociedade quando esta não é capaz de encaminhar seus jovens ao mercado de trabalho, quando não lhes oferece oportunidades para o desenvolvimento da criatividade e de atividades de lazer; quando as escolas impõem conteúdos destituídos de interesse e de significado para a vida dos alunos; ou quando os professores se recusam a proporcionar explicações suficientes , abandonando os estudantes à sua própria sorte , desvalorizando-os com palavras e atitudes de desmerecimento". (ABRAMOVAY ; RUA , 2002, p.335) a violência simbólica também pode ser contra o professor quando este é agredido em seu trabalho pela indiferença e desinteresse do aluno. ABRAMOVAY ; RUA ( 2002)
Violência física - "Brigar , bater, matar, suicidar, estuprar, roubar, assaltar, tiroteio, espancar, pancadaria, neguinho sangrando, Ter guerra com alguém, andar armado e, também participar das atividades das guangues " ABRAMOVAY et al. (1999)
Os fatores que levam os jovens a praticar atos violentos
São inúmeros os fatores que podem levar uma criança ou um adolescente a um ato delitivo, a seguir, abordaremos os que acreditamos serem os mais relevantes .
A desigualdade social é um dos fatores que levam um jovem a cometer atos violentos. A situação de carência absoluta de condições básicas de sobrevivência tende a embrutecer os indivíduos, assim, a pobreza seria geradora de personalidades desruptivas. " A partir desse ... de estar numa posição secundária na sociedade e de possuir menos possibilidades de trabalho, estudo e consumo, porque além de serem pobres se sentem maltratados, vistos como diferentes e inferiores. Por essa razão, as percepções que têm sobre os jovens endinheirados são muito violentas e repletas de ódio..." ABRAMOVAY et al. (1999) é uma forma de castigar à sociedade que não lhe dá oportunidades.
A influência de grupos de referência de valores , crenças e formas de comportamento seria também uma motivação do jovem para cometer crimes.
" o motivo pelo qual os jovens...aderem às gangues é a busca de respostas para suas necessidades humanas básicas, como o sentimento de pertencimento, uma maior identidade, auto-estima e proteção, e a gangue parece ser uma solução para os seus problemas a curto prazo" ABRAMOVAY et al. (1999), assim, o infrator se sente protegido por um grupo no qual tem confiança. " Valores como solidariedade, humildade, companheirismo, respeito, tolerância são pouco estimulados nas práticas de convivência social, quer seja na família, na escola, no trabalho ou em locais de lazer. A inexistência dessas práticas dão lugar ao individualismo, à lei do mais forte, à necessidade de se levar vantagem em tudo, e daí a brutalidade e a intolerância", (MONTEIRO,2003) a influência das guangues que se aliam ao fracasso da família e da escola. A educação tolerante e permissiva não leva a ética na família. Os pais educam seus filhos e estes crescem achando que podem tudo.
É dentro das guangues ou das quadrilhas como se refere Alba Zaluar que os jovens provam sua audácia , desafiam o medo da morte e da prisão. É uma subcultura criminosa marcada pela atuação masculina(ZALUAR, 1992, p.27).
O indivíduo enfrenta uma grande oferta de oportunidades: o uso de drogas, uso de bebidas alcoólicas, uso da arma de fogo aliada a inexistência do controle da polícia , da família e comunidade tornam o indivíduo motivado a concluir o ato delitivo. " Carências afetivas e causas sócio-econômicas ou culturais certamente aí se misturam, para desembocar nestas atitudes" . (COLOMBIER,1989,p.35) . " A Disponibilidade de armas de fogo e as mudanças que isso impõe às comunidades conflituosas, contribuindo para o aumento do caráter mortal dos conflitos nas escolas " ABRAMOVAY ; RUA
( 2002, p.73) " a falta de policiamento agrava a situação na medida em que a polícia pode ser sinônimo de segurança e ordem" ABRAMOVAY ; RUA ( 2002, p.337)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVAY, Miriam; RUA, Maria das Graças - Violência nas escolas. Ed.Unesco, doações institucionais.
ABRAMOVAY, Miriam ; et alli - Guangues , galeras, chegados e rappers. RJ, Ed. Garamond , 1999.
COLOMBIER,Claire; MANGEL,Gilbert; PERDRIAULT,Marguerite . A violencia na escola. São Paulo, Ed.Summus,1989.
GUIMARÃES, Eloisa. Escola, galera, narcotrafico. Ed. UFRJ.
SILVA,Aida Maria Monteiro. EDUCAÇÃO E VIOLÊNCIA: qual o papel da escola?
SILVA,Aida Maria Monteiro. A VIOLÊNCIA NA ESCOLA : A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS E PROFESSORES
ZALUAR, Alba (org). Violência e educação. São Paulo, Cortez editora, 1992
Texto II:
Texto III:
A constatação de que o atual número de adolescentes de 16 e 17 anos que tiraram o título de eleitor é o mais baixo já registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – cerca de 10% do eleitorado nessa faixa etária – fez acender um alerta e mobilizar celebridades de todo o Brasil, na tentativa de fazer esse número crescer.De ex-BBBs, como Juliette e Gil do Vigor, a cantoras e atrizes, como Taís Araújo e Anitta, personalidades usaram suas redes sociais para chamar e incentivar jovens de todo o Brasil a tirar o título – o que pode ser feito até o dia 4 de maio. Até o ator Mark Ruffalo, que interpreta o Hulk, entrou na roda, ao compartilhar o tuíte de Anitta e acrescentar que, nos Estados Unidos, Donald Trump só foi derrotado em 2020 por causa de um número recorde de eleitoras(es), especialmente os jovens.
Olha o Barulhinho ensina o passo a passo para tirar o título.
O TSE também promoveu a Semana do Jovem Eleitor, que durou de 14 a 17 de março, e movimentos sociais e organizações criaram campanhas próprias para engajar a juventude – como a Cada Voto Conta, com materiais direcionados a educadores(as) para multiplicar a campanha, e a Olha o Barulhinho, com diversos conteúdos sobre o tema em linguagem e formato de mídias sociais.
Os esforços têm valido a pena, já que houve o aumento de 26% no número de adolescentes de 16 e 17 anos com título de eleitor. Mas é possível crescer ainda mais. A campanha Olha o Barulhinho, por exemplo, tem como meta chegar a 30,2% desse eleitorado (cerca de 2 milhões de jovens) – o que faria da eleição de 2022 aquela com a maior participação da juventude dos últimos anos.
Juventude apática ou instituições que não a representa?
Mas, afinal, o que explica esse número decrescente de jovens dispostos a exercer o seu direito ao voto? Estariam eles desinteressados pela política?
Marcio Black, coordenador do Programa Democracia e Cidadania Ativa da Fundação Tide Setubal, acredita que não. Ele se apoia nos resultados da pesquisa Democracia e Eleições, realizada em setembro de 2021 com cerca de mil jovens de 16 a 34 anos. Ela mostra que 62% dos jovens brasileiros tem como principal valor social o combate à fome e à pobreza, além de outras questões:
“Outras pautas que mobilizam politicamente os jovens e aparecem na pesquisa são o combate à corrupção (35%), o desemprego (33%), a preservação do meio ambiente (27%), entre outros. São agendas que tratam do futuro desses jovens e que mostram o interesse que eles têm no impacto disso tudo lá na frente. Além disso, eles se informam sobre e atuam politicamente. Portanto, não existe apatia”, explica Marcio.
Segundo a pesquisa, os jovens confiam mais na televisão (56%) e em sites de notícias da grande imprensa (40%), quando o assunto é como se informar sobre política. Apenas 4% disseram não se informar sobre o tema.
Para Marcio, uma das principais explicações possíveis para o baixo alistamento eleitoral está na falta de identificação da juventude com as instituições e com as possibilidades reais de mudança que podem surgir a partir delas:
A política institucional no Brasil está descolada do que é a sua base social. Então, por mais que o jovem entenda a importância da política, ela é hoje, pra ele, um espaço institucional muito envelhecido, que abre poucas oportunidades para que ele se manifeste, e que não o representa. Ele não identifica a política institucional, exercida por meio do voto, como um espaço onde de onde virão soluções. Alguns chegam, inclusive, a identificar esse como um espaço de onde emanam os problemas”. - Marcio Black
E o que a escola tem a ver com isso?
Sempre espirituosa, a personagem argentina Mafalda traz um pouco desse sentimento que muitas(os) jovens – e adultas(os) também – têm ao olhar para as instituições. Usar essa ou outras das tirinhas de Quino para começar uma conversa sobre o assunto em sala de aula pode ser uma boa ideia. Afinal, a escola tem um papel importante nesse debate, certo?
TEXTO IV:
TEXTO V:
A pesquisa Democracia e Eleições revela que a família (52%) é o principal agente influenciador da opinião política das(os) jovens, seguida dos amigos, jornalistas e professoras(es). Mas, entre as(os) mais jovens de 16 e 17 anos, as(os) docentes acabam ocupando o segundo lugar de influência.
Em relação a onde discutir e se posicionar sobre questões políticas, 49% das(os) entrevistadas(os) preferem fazê-lo pessoalmente (49%) ou pelo WhatsApp (48%). E cerca de 80% delas(es) acreditam que o debate político, de forma geral e nas redes sociais, é agressivo e intolerante.
Frente esses dados, Marcio chama atenção para a importância da escola como um espaço seguro e democrático para que a juventude possa se informar, debater e confrontar as mais diversas opiniões políticas:
A atuação política das(os) jovens acontece apesar da escola. Mas ela é um espaço de sociabilidade deles. E a política, por natureza, acontece na sua maior potência nos espaços públicos. A escola é o espaço onde os jovens têm a oportunidade de se associar fisicamente, debater os temas que são pertinentes e que os afligem em relação à política, e, o mais importante, se expressar. Apesar de ser um espaço de disputa atual, com movimentos como o Escola sem Partido, a escola segue sendo um espaço democrático e de diversidades. Porque é na escola que se encontram todas as juventudes: o jovem evangélico, a(o) jovem metaleira(o), a(o) jovem do rap, a(o) jovem liberal etc.”
Marcio Black