Quando Marcelino Sanz de Sautuola encontrou pela primeira vez as pinturas da caverna de Altamira,
na Espanha, em torno de 150 anos atrás, elas foram consideradas como fraude pelos acadêmicos.
Com base no novo pensamento darwiniano sobre a evolução das espécies, considerou-se que
os primitivos humanos não poderiam ter sido suficientemente avançados para criar arte.
Émile Cartailhac, um dos mais respeitados historiadores da Pré-História do final do século XIX,
acreditava que as pinturas tinham sido forjadas pelos criacionistas (que sustentavam a criação do homem por Deus)
para apoiar suas ideias e ridicularizar Darwin, mas depois ele veio a se retratar, reconhecendo sua autenticidade.
Recentes avaliações têm atestado uma grande antiguidade nas figuras pré-históricas encontradas.
Estima-se que a arte rupestre tenha começado quando o homem de Cro-Magnon se estabeleceu na
Europa deslocando o homem de Neanderthal, aparecendo no período Aurignaciano e florescendo
especialmente nos períodos Solutreano e Magdaleniano do Paleolítico, sendo provavelmente posterior
ao aparecimento de objetos "artísticos" móveis, como artefatos em osso ou pedra esculpida.
Porém, o conceito de Pré-História é diferente quando aplicado à Europa e às outras partes do mundo,
pois está baseado fortemente sobre as características da cultura material e não na cronologia.
Na Europa a História inicia em torno de 8 mil anos antes do presente, quando surgem os primeiros
registros de uma forma embrionária de escrita, e nas Américas, segundo Funari & Noelli,
é pré-histórico tudo o que veio antes da chegada dos europeus no final do século XV, embora os
maias possuíssem escrita, os astecas uma proto-escrita e os incas, um sistema de registro
de eventos e contabilidade através de cordas com nós, os quipos.
Mas são casos isolados.
Para todas as outras culturas o que sobrevive para estudo são registros visuais em
rochas e artefatos em pedra, cerâmica e outros materiais.
A questão da idade exata das imagens permanece, de fato, controvertida,
dado que métodos como a datação por radiocarbono podem facilmente
levar a resultados errôneos pela contaminação de amostras de material mais antigo ou mais novo.
As cavernas e superfícies rochosas estão tipicamente atulhadas com resíduos de diversas épocas.
Depois de ser considerada primeiro como fraude, e em seguida como evidência de mentes primitivas,
ao longo do século XX, a partir da complexidade e da beleza de muitos exemplares de arte rupestre,
formou-se uma ideia, de larga aceitação, de que essas manifestações deveriam significar que os
homens pré-históricos há pelo menos 30 ou 40 mil anos possuíam uma capacidade simbólica,
intelectual e artística semelhante ao homem moderno.
Os exemplares mais antigos de pintura cuja datação é razoavelmente confiável estão na Caverna de Chauvet,
na França, criadas em torno de 32 mil anos antes do presente.
Tornaram-se famosas pela sua grande sofisticação, e isso colocou mais dificuldades no
estabelecimento de uma linha evolutiva coerente e progressiva para a arte pré-histórica.
Apesar das muitas pesquisas realizadas tentando corroborar esta evolução linear, elas são frágeis,
baseadas em poucas evidências, pois apenas 5% das imagens foram datadas com alguma confiabilidade.
De fato, a dificuldade na datação das relíquias é tamanha que durante muitos anos a tendência
De fato, a dificuldade na datação das relíquias é tamanha que durante muitos anos a tendência
foi de estudar a arte rupestre como um bloco, na perspectiva da atemporalidade,
mas considerando que a produção se desenvolveu ao longo de muitos milênios e sobre variadas regiões,
cultivada por sociedades com características diferenciadas, esta abordagem tem problemas óbvios.
Este panorama só a partir dos anos 80 começou a se modificar, quando os estudos
especializados se multiplicaram rapidamente procurando definir melhor as
especificidades tipológicas, técnicas, cronológicas e geográficas.
Avanços recentes na tecnologia e na metodologia científica têm contribuído para esclarecer
melhor vários pontos obscuros, mas às vezes introduzem novas dúvidas em conceitos consagrados.
O estudo da arte rupestre é um campo em rápida expansão e constante transformação.