O Cerrado detém 5% da biodiversidade do planeta, sendo considerado a savana mais rica do mundo,
porém um dos biomas mais ameaçados do País. Compreende um mosaico de vários tipos
de vegetação, desde fisionomias campestres, savânicas e até florestais, como as matas
secas e as matas de galeria. Ribeiro & Walter (2008) descreveram 11 tipos fitofisionômicos
entre as formações florestais, savânicas e campestres do bioma. Alguns trabalhos citam
fatores ambientais que podem influenciar na distribuição fitofisionômica e florística do
Cerrado, compreendendo regime de fogo, clima, tipo de solo (fertilidade e drenagem),
relevo, herbivoria, flutuações climáticas do Quaternário e distúrbios antrópicos
(Eiten 1993, Miranda et al. 2002, Oliveira-Filho & Ratter 2002).
A alta diversidade de ambientes se reflete em uma elevada riqueza de espécies, com plantas herbáceas,
arbustivas, arbóreas e cipós, totalizando 12.356 espécies que ocorrem espontaneamente e uma
flora vascular nativa (pteridófitas e fanerógamas) somando 11.627 espécies (Mendonça et al. 2008),
sendo aproximadamente 44% da flora endêmica (Klink & Machado 2005), tornando-o a savana tropical
mais rica do mundo. Do mesmo modo, a diversidade da fauna é elevada. Existem cerca de 320.000
espécies de animais na região, sendo apenas 0,6% formada por vertebrados.
Entre esses, os insetos têm posição de destaque com cerca de 90.000 espécies,
representando 28% de toda a biota do Cerrado (Aguiar et al. 2004).
No Bioma desenvolve-se expressiva produção agropecuária e importantes agroindústrias,
vivendo aproximadamente 13 (treze) milhões de habitantes, que envolvem, dentre outros,
as populações tradicionais, tais como os quilombolas, ribeirinhos, geraizeiros e índios.
Uma grande variedades de plantas do Cerrado são usadas pela população. Mais de 220 espécies
têm uso medicinal e mais 416 podem ser usadas na recuperação de solos degradados,
como barreiras contra o vento, proteção contra a erosão, ou para criar habitat
de predadores naturais de pragas. Mais 10 tipos de frutos comestíveis são regularmente c
onsumidos pela população local e vendidos nos centros urbanos, como os frutos do Pequizeiro
(Caryocar brasiliensis), Buriti (Mauritia flexuosa) e Mangabeira (Hancornia speciosa)
e as sementes do Barú (Dypteryx alata). Muitas delas servem como base para a alimentação humana,
entre elas, o pequi, o baru, a cagaita, o jatobá e tantas outras, e medicamentos, como o velame,
a lobeira, a calunga, o barbatimão e uma infinidade de plantas usadas ancestralmente
pelas populações do Cerrado. O conhecimento dessas comunidades associado ao uso e à
aplicação das plantas medicinais do Cerrado também se constitui em um patrimônio
cultural de grande importância.